A terminar o Ano Internacional da Biodiversidade, anuncia-se já o Ano Internacional da Floresta. Não questionando as boas intenções da Assembleia Geral das Nações Unidas, a proliferação de Anos Internacionais acaba por ameaçar a sua credibilidade e pouco mexer com a consciência das pessoas. A sobreposição de temas, muitas vezes num mesmo ano, pode gerar o efeito contrário: superficialidade e banalização. Alguém sabe, por exemplo, quando foi o Ano Internacional da Batata? Não, não estamos a brincar. Foi em 2008. E os seus objectivos foram, pelo contrário, muito nobres: salientar que a produção deste tubérculo pode vencer, em muitas zonas do globo, a desnutrição a fome e a pobreza.
Claro que os Anos Internacionais não fazem mal a ninguém. Mas como sabemos, quando se fala de muitas coisas ao mesmo tempo, as boas intenções diluem-se e acabam por cair em saco roto. O mesmo está a acontecer com os Dias Internacionais. Existem mais de setenta dias de celebração na agenda internacional da ONU. Há um dia internacional para tudo e para todos. Claro que muitos deles são importantes, mas se nos lembrarmos que temos um dia internacional do coelho e um dia internacional da laranja, é fácil concluir que tudo isto de anos e dias internacionais vai acabar por cansar as pessoas e gerar uma apatia ainda maior perante os problemas mundiais.
De pouco valeu, a ONU, em 1980 ter aprovado uma resolução prevendo regras para a selecção e a estruturação dos temas. E assim, temos 2011 como Ano Internacional das Florestas a coincidir também com o Ano Internacional da Química e com a segunda metade do Ano Internacional da Juventude que vai até 11 de Agosto próximo.
Seja como for, para já é a Floresta que vai estar no topo da agenda. Pelo menos nos próximos doze meses. Por isso vamos, nós portugueses, nós penacovenses, procurar aproveitar a mediatização do tema para fazer algo mais em defesa da nossa vasta área florestal, fonte de vida e fonte de riqueza Recorde-se que as florestas fornecem um habitat para diversidade biológica, são uma fonte de alimentos, medicamentos e água potável e desempenham um papel vital na estabilização do clima e do meio ambiente. São, por isso, vitais para a sobrevivência e o bem-estar da população mundial.
Em Portugal, tendo em conta que o conjunto dos espaços florestais ocupa uma grande fatia do nosso território, é pertinente sensibilizar as populações para a importância desta riqueza.O desenvolvimento económico dos três principais sectores da indústria florestal portuguesa, cortiça, madeira e mobiliário, e a pasta e papel, constituem uma prioridade. A indústria florestal ocupa cerca de 5% da população activa é, segundo dados oficiais, responsável por 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 14% do PIB industrial. Além disso terá representado, em 2009, mais de 10% das exportações nacionais.
Também o concelho de Penacova é caracterizado por ter uma mancha florestal muito grande. Infelizmente tem sido fustigado ao longo dos anos por graves incêndios. Há pois que aproveitar este Ano Internacional para continuar a apostar, quer na defesa e na prevenção, quer na preservação e valorização da Floresta. O município tem um Gabinete Técnico Florestal ,criado em Maio de 2005, ao abrigo de um protocolo celebrado entre a extinta Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais e o Município de Penacova. Este Gabinete conta com um técnico florestal e tem como principal objectivo centralizar as atribuições da Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, ao nível Municipal/Intermunicipal, traduzidas em acções de defesa da floresta contra incêndios. Tem também, entre outras atribuições, a missão de aconselhar tecnicamente as acções de arborização, exploração e outras , prestar esclarecimento sobre legislação em vigor e sobre apoios comunitários e nacionais ao investimento na floresta. Neste Ano Internacional, este Gabinete irá, certamente, reforçar a sua acção junto das populações locais, sejam empresários, sejam decisores políticos, sejam associações e instituições locais, seja a população escolar. “ Florestas para as Pessoas” é, precisamente o lema do Ano.
David Almeida
in Jornal Nova Esperança
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