Projecto Limpar Portugal: Penacova não pode ficar de fora…
Perante os graves problemas com que a Humanidade se debate nos dias de hoje e que ameaçam o seu futuro, hesitámos um pouco entre o escrever sobre o tema das alterações climáticas e do aquecimento global ou reflectir sobre o Ano Internacional da Diversidade Biológica, ou mesmo ainda, sobre o Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social.
Optámos por não abordar nenhum deles e falar duma campanha que está em curso por esse país fora e que culminará no dia 20 de Março, dia em que milhares de pessoas em todo o país irão sair à rua para recolher muito do lixo que infelizmente ainda encontramos em lugares recônditos da nossa floresta. Vivemos num país repleto de belas paisagens mas, infelizmente, todos os dias as vemos invadidas por lixo que aí é ilegalmente depositado. A ideia terá nascido na Estónia. Em Portugal a iniciativa partiu dum grupo de entusiastas do todo-o-terreno. Usando a internet e as redes sociais como meio de comunicação, o projecto ganhou milhares de adeptos e em muitos dos concelhos do país existem já grupos de voluntários a trabalhar.
Segundo os organizadores, o Projecto Limpar Portugal tem como objectivo eliminar as lixeiras ilegais existentes no espaço florestal. Trata-se de um movimento cívico de pessoas em regime de voluntariado, não aceitando doações em dinheiro, mas sim em bens e serviços que possam contribuir para a prossecução do seu objectivo. Estão a ser formalizadas parcerias com entidades públicas e privadas que possam ceder bens (sacos de lixo, baldes, luvas...) ou serviços (divulgação do projecto, transporte de pessoas, máquinas para recolha do lixo, camiões e tractores para o seu transporte...). Além disso, insiste o Movimento, é preciso encontrar elos de ligação em todas as freguesias e concelhos. Este movimento está aberto à colaboração de todas as entidades que a ele se queiram associar e com ele colaborar, tais como Associações, Organizações, Empresas, Partidos, Autarquias, Forças Militares, Bombeiros, Escolas e outras instituições.
Visitando o site oficial deste Projecto (http://limparportugal.ning.com/) podemos concluir que são já muitas as escolas aderentes, bastantes municípios, escuteiros, e muitas outras entidades públicas e privadas. Quanto a Penacova, verificamos que em finais de Dezembro o grupo ainda só conta com oito membros e pelo que nos parece a dinâmica ainda está no início. A inscrição pode ser feita através da internet. Penacova não será dos concelhos mais críticos quanto a lixeiras ilegais, mas sendo um concelho florestal, não será difícil encontrar ainda alguns monos atirados para as silveiras ou mesmo até à beira dos caminhos. Além disso, há também a necessidade de sensibilizar as pessoas em geral e à volta desta ideia contribuir para a mudança de atitudes no sentido de consolidar comportamentos mais sustentáveis e amigos do meio ambiente.
O projecto “Limpar Portugal” não vai resolver o problema dos lixos nas nossas florestas e, lamentavelmente a adesão não vai ser esmagadora. Todavia, num tempo em que se apela à participação dos cidadãos, e em que a actuação e as próprias exigência dos mesmos são sinais de consolidação da democracia participativa, acreditamos que vai ser um contributo importante para uma maior sensibilização para os problemas ambientais, a começar pelo nosso meio, por aquilo que nos está mais próximo. Sensibilização que irá envolver as crianças e os jovens que num amanhã, não muito longínquo, assumirão cargos de responsabilidade na vida social, económica e política.
E, deste modo, gradualmente, um novo paradigma ético há-de configurar as consciências e os comportamentos das pessoas e das instituições. O famoso imperativo categórico de Kant há-de ser enriquecido com um novo princípio formulado por Hans Jonas. Princípio ético (Age de tal modo que os efeitos da tua acção sejam compatíveis com a permanência duma vida humana autêntica na Terra) que transcende uma moral do dever, imediata, apontando agora, para uma ética da responsabilidade, mais prospectiva, tendo as gerações futuras no horizonte e a própria sobrevivência da Humanidade no centro das preocupações.
31 de Janeiro de 2010
David Almeida
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